10 de maio de 2019

Engenharia de Alimentos

Eu poderia começar começar este texto de diversas formas, mas acho que a melhor opção seria a famosa pergunta que todo profissional da área já ouviu: "É tipo nutrição?" Não, não é tipo nutrição. E esta pergunta mostra que as demais pessoas não sabem o que é o curso e como o Engenheiro de Alimentos atua. Este, é provavelmente, um dos maiores motivos que me levou a criação deste blog. Mas, o outro motivo é mostrar o que a comunidade acadêmica aprende em sua graduação, seu mestrado, seu doutorado, seu pós-doutorado, seus cursos técnicos e outras formas de especialização na área de alimentos. 

Falar sobre o curso de Engenharia de Alimentos não é uma tarefa fácil (e digo isto após passar 5 anos da minha vida me dedicando a ele, sem contar o restante de minha trajetória estudando os alimentos). É um curso muito amplo, com diversas áreas de conhecimento inseridas dentro dele. 

A Engenharia de Alimentos é mais que uma engenharia. Ela se combina com a ciência e a tecnologia. Neste curso aprendemos de tudo e um pouco mais. Na Universidade Federal de Viçosa, por exemplo, a grade do curso inclui: cálculo, física, química (em que podemos citar orgânica, analítica e de alimentos como as principais "subáreas"), programação, biologia, microbiologia, administração, estatística, físico-química, representação gráfica, tratamento de resíduos, processamento de alimentos (que se divide em 4 áreas principais: leite, carne, frutas e hortaliças e panificação), operações unitárias e outras diversas áreas de conhecimento.

Mas o que o engenheiro faz de fato?

- O engenheiro de alimentos pode desenvolver novas técnicas, equipamentos e softwares para otimizar os processos produtivos, com o intuito de aumentar o volume de produção e melhorar a qualidade dos produtos;

- Pode desenvolver novos produtos, através de testes de novas formulações ("receitas"), com o objetivo de melhorar as características sensoriais dos produtos (cor, sabor, aroma, aparência), melhorar o valor nutricional dos alimentos e atender as necessidades dos consumidores (alérgicos e intolerantes a diversos compostos, pessoas preocupadas com o meio ambiente, diabéticos, hipertensos, etc.);

- Atua na seleção de matéria-prima, para garantir melhor qualidade do produto final;

- Pode atuar no controle e garantia da qualidade, garantido que os produtos estão de acordo com as normas nacionais e internacionais dos alimentos, com o objetivo de evitar prejuízos a saúde dos consumidores;

- No tratamento de resíduos, o engenheiro de alimentos pode atuar classificando os resíduos gerados por uma indústria e indicar os tratamentos adequados a serem feitos;

- O engenheiro pode atuar na logística do transporte e armazenamento de alimentos, definindo rotas e as melhores formas de armazenar/transportar o produto sem alterar sua qualidade;

- Pode prestar consultoria a empresas de alimentos, oferecendo soluções para diversos problemas;

- Pode desenvolver embalagens que permitam maior vida útil dos alimentos, atuando desde a escolha do material utilizado, a elaboração do design e adequação a rotulagem (incluindo a elaboração de tabelas nutricionais),

- O engenheiro de alimentos pode planejar e implantar instalações industriais, escolhendo os equipamentos mais adequados ao processamento, dimensionando-os e sugerindo sua disposição no layout da fábrica.

Além destas funções os engenheiros de alimentos podem se dedicar em diversas outras atividades. Uma delas envolve permanecer na área acadêmica, com o objetivo de se tornar professor e pesquisador. E esta última é a que terá foco aqui neste blog. Tentarei desmitificar algumas informações sobre os alimentos, trazendo sempre informações sobre o que acontece no meio acadêmico brasileiro, para mostrar que uma Universidade é um local de ensino, pesquisa e extensão.

P.S.: se você tiver alguma sugestão de assunto para ser abordado aqui ou alguma dúvida, basta comentar!